Comenta-se muito a dificuldade de encontrar jovens profissionais
adequados para as empresas nos dias de hoje. Fala-se que muitos dos
jovens, apesar de possuírem boa formação, não possuem os requisitos
necessários para o trabalho.
A realidade é que para muitos, o
crescimento econômico passou a exigir contratações, que não aconteciam
há muitos anos. Para outros, o que a situação trouxe, foi a primeira
experiência em contratações.
Como se faz isso? Embora esta pergunta seja exposta poucas vezes, deve ter passado pela cabeça de muita gente.
Mas
sabemos como se faz, segundo a cartilha das empresas. Definir as
atividades que descrevem a posição, listar as habilidades e competências
requeridas, e com isso desenhar o perfil da posição é o que se
recomenda. Agregue-se ainda os anos de experiência requerida para o
desempenho da função e envie para que o recrutador de Recursos Humanos
ou da empresa de recrutamento busque no mercado os melhores candidatos.
Na
etapa posterior é que surgem alguns aspectos estranhos à descrição
elaborada. Os gestores responsáveis pelas contratações voltam com
comentários negativos sobre postura, atitude, apresentação e outros
aspectos dos candidatos. Nenhum dos candidatos preenche de forma
aceitável estes aspectos adicionais que não faziam parte da descrição
original.
Esta situação parece acontecer com mais frequência do
que se pode imaginar, criando uma dificuldade adicional para Recursos
Humanos, que muitas vezes são obrigado a repetir o processo
exaustivamente.
Segundo as revistas, as escolas e as orientações
dos especialistas, os candidatos devem usar roupas sóbrias, usar uma
linguagem sem gírias e termos coloquiais, demonstrar atitude positiva
diante das situações simuladas e outras recomendações que ouvimos há 30
ou 40 anos!
Mas, desta forma, não estaríamos buscando alguém que
se comporta, se veste e conversa como um verdadeiro "babyboomer"? Se
estas características forem genuínas no candidato, você poderá estar
diante de alguém que não representa a atualidade, não é típico da
geração e que pensa e age como um "babyboomer"!
É mesmo isso que você procura para ser o profissional do futuro da sua empresa?
Não
seria mais importante encontrar alguém com as competências e
habilidades necessárias no futuro? Não seria mais importante o potencial
a ser lapidado para as necessidades ainda indefinidas? Não seria mais
importante a capacidade de lidar com um mundo em constante e rápida
mutação? Não seria mais importante a resiliência para um futuro de
incertezas e imprevisibilidades?
Talvez esteja na hora dos
gestores refletirem se os critérios pessoais que estão usando nas
seleções não estão voltados apenas para o passado. Afinal, o que é o
"gap" entre gerações senão as diferenças de comportamento, atitudes e
modo de pensar? Não deveríamos absorver o "gap"para contratarmos os
melhores profissionais para o futuro da empresa?
Para preparar a
sua empresa para o futuro, você não deveria estabelecer critérios
voltados para o futuro? Não seria o caso de projetar 10 ou 15 anos
adiante e pensar nas características que poderão ser essenciais para
compreender um mundo totalmente diferente? Muito provavelmente, aqueles
que nos agradam pela similaridade conosco, serão os menos adequados para
o futuro.
Será que a busca de novos "babyboomers" é o caminho o
para o futuro? Uma cópia rejuvenescida de sí próprio pode parecer
encantador, mas certamente será igualmente obsoleto em pouco tempo.
Escrito por Yoshio Kawakami
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