Os efeitos nocivos da corrupção são muitos e óbvios. Olhando apenas o
lado econômico, ela prejudica a eficiência do gasto público e
desestimula investimentos, reduzindo o crescimento, a geração de
empregos, os serviços como educação e saúde, e a renda da população.
Estimar
seu custo não é fácil. Corrupto não passa recibo, pelo menos não na
maioria das vezes. Ainda assim, várias tentativas foram feitas para
mensurar quanto é desviado da atividade produtiva através de atos
corruptos no Brasil e no mundo.
Ainda que imprecisas,
estimativas indicam que a corrupção reduz nosso PIB em até 2,3%
desviando, em valores atuais, cerca de R$ 100 bilhões da economia
brasileira todo santo ano. Se este dinheiro não fosse surrupiado seria
possível ampliar em sete vezes o Bolsa Família. Outra opção seria dobrar
os investimentos públicos em infraestrutura, melhorando estradas,
ferrovias, portos, aeroportos. Outra ainda seria abolir o imposto de
renda sobre rendimentos do trabalho, aumentando o poder de consumo de
cada um dos brasileiros. Mais uma seria extinguir o IPI e o IOF,
tornando produtos e financiamentos mais baratos no país.
Infelizmente,
nada disso acontecerá. Pior, estas estimativas abrangem apenas custos
mensuráveis. Além deles, há custos incomensuráveis significativos. Um
deles é a perda de foco de outros problemas que limitam nosso
crescimento. Enquanto o país acompanha a novela do julgamento do
mensalão e a CPI do Cachoeira, projetos de reformas fundamentais não são
nem discutidos no Congresso.
Outro custo incalculável é a
desconfiança que se lança sobre o lucro, o qual deve ser um dos
principais motores de qualquer economia capitalista saudável. Quanto
mais o governo se envolve em atividades econômicas, mais suspeitas –
corretas ou não – recaem sobre sucessos empresariais, com menos
incentivo ao empreendedorismo, e como consequência menos crescimento,
riqueza e empregos.
Corrupção não é exclusividade brasileira.
Estima-se que, neste ano, o mundo perderá R$ 2,5 trilhões, equivalentes à
metade de tudo que será produzido no Brasil. Eliminá-la completamente é
uma utopia, mas inúmeros casos de sucesso em reduzi-la, em outros
países, mostram que combatê-la ferozmente vale muito a pena.
Escrito por Ricardo Amorim
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