segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Você tem autoridade e poder?

Os títulos dos cargos já não representam as mesmas coisas do passado! Um amigo com grande experiência no passado em corporações importantes questionava o real poder de decisão que os executivos possuem hoje. Sim, um presidente ainda é um presidente, assim como diretores são ainda figuras importantíssimas nas empresas.

Mas parece que na mesma velocidade em que estes cargos são preenchidos por profissionais cada vez mais jovens, o real poder dos executivos vem sendo limitado por diversos motivos e por diversas formas.

Este amigo que se queixava de gerentes de produtos sem autonomia sobre o seu budget e outros cargos que também perderam autonomia ao longo dos últimos anos, questionava funções que de importantes decisores na organização parecem ter passado a meros executores sofisticados.

Nas últimas duas décadas, observamos o mundo dos negócios passar por algumas mudanças significativas na sua forma de administrar os negócios. Podemos avaliar algumas destas mudanças para analisar como as estruturas das empresas forma alteradas ao longo dos anos.

Uma das mudanças mais importantes foi o fenômeno da globalização que trouxe o questionamento às empresas na definição do seu modelo de gestão. O modelo preferido foi o da organização matricial que a re-engenharia apresentou como modelo de obtenção de sinergia com centralização das decisões nos head-quarters.

De uma forma geral, o modelo acabou privilegiando aos mercados mais significativos e maiores, criando uma grande dificuldade nos diálogos sobre novas oportunidades. O outro aspecto importante desta mudança foi a confusão em relação à autoridade e subordinação. A brincadeira era de que quem não tivesse pelo menos três chefes, estava com problemas.

Uma outra mudança ocorreu no plano da tecnologia e dos produtos, com a busca de uma solução única para atender todos mercados com a vantagem da comunização e massificação para produção. Produtos com características desnecessárias e onerosas definiram ofertas menos competitivas e produtos menos adequados a cada mercado.

A sinergia pelo compartilhamento de componentes se tornou muito popular para acelerar o processo de lançamento de novos produtos. Hoje sabemos que esta nova abordagem de engenharia trouxe também problemas de compatibilização que não foram percebidas no início e que geraram sérios problemas.

Em cada uma destas mudanças, a forma de gestão do processo foi alterada, em geral concentrando o poder de decisão na casa matriz e adotando-se uma abordagem única que supostamente atenderia todas necessidades no mundo, porém o conhecimento específico de cada região foi perdido no processo global.

A introdução da administração através de processos e a necessidade de atendimento das normas de conduta e ética também impuseram novos controles e restrições aos gestores regionais. Sarbanes-Oxley e outras novidades fizeram a sua parte na sua época.

Normas mais recentes subdividem as funções e especializam as atividades de tal forma que os novos gestores tornaram-se reféns de regras que a cada dia limitam a autonomia, a autoridade e o poder de decisão dos gestores. 

A mudança mais recente é proveniente das crises financeiras desde 2009, primeiro na América do Norte e mais recentemente na Europa. Agora os olhos dos gestores das matrizes das empresas estão voltadas aos mercados que ainda funcionam, e trazem toda boa vontade para ajudar as subsidiárias. Equivale dizer que até as menores decisões, agora são mais demoradas e requerem uma sequência de aprovações novas.

A reflexão que cabe neste novo ambiente organizacional é de que muitas vezes os títulos realmente não dizem as mesmas coisas do passado. Mas o outro aspecto é que para atender as ansiedades dos executivos mais jovens de hoje, talvez seja mesmo esta, a forma de ajustar as posições nas organizações.

Uma consequência importante é que as relações entre empresas precisam ser ajustadas para este novo tipo de relação em que as decisões migraram para as matrizes e para níveis mais elevados nas organizações. As expectativas precisam ser re-alinhadas com a nova  realidade.

Escrito por Yoshio Kawakami
Para contratar este palestrante: (11) 2221-8406 ou



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