Recentemente, o governo adotou uma bateria de medidas para incentivar
o setor de transporte rodoviário brasileiro, incluindo isenção
tributária na venda de caminhões, linhas subsidiadas de financiamento
através do BNDES, programa de compra de caminhões e ônibus nacionais
pelo próprio governo, elevação de impostos para caminhões importados e
um amplo programa de investimentos em infraestrutura rodoviária através
de concessões para a iniciativa privada.
É provável que, nos
próximos trimestres, estas medidas tenham um impacto positivo
significativo sobre o setor de transporte rodoviário comercial, ainda
que mais modesto do que o verificado recentemente no setor de
automóveis.
A esperança é que estas medidas sejam suficientes
para impulsionar o setor até que o período mais agudo da crise europeia
seja superado. Quando isto acontecer, a economia brasileira deve retomar
um ritmo vigoroso de crescimento, como em 2010 após a crise financeira
global do final de 2008 e início de 2009. Então, os investimentos devem
voltar a crescer de forma mais significativa, impulsionando vendas de
caminhões e ônibus.
Ainda assim, cabem duas críticas importantes.
No mínimo, tais medidas deveriam ter sido adotadas antes, à medida que
os impactos negativos da crise europeia e da elevação da inadimplência
na economia brasileira ficaram óbvios.
Mais importante, se por um
lado as medidas são na maior parte louváveis, por outro, elas ilustram
bem os defeitos da economia brasileira. Somos o país do plano B. Falta o
plano A. Não planejamos; reagimos. Também na economia, somos o país do
puxadinho, do combate à doença, ao invés da prevenção.
Distorções
causadas por gastos públicos excessivos – impostos elevados,
infraestrutura precária, juros altos e câmbio apreciado – se atacadas
sistematicamente ajudariam muito mais o setor e a economia brasileira
como um todo do que medidas esporádicas de combate a períodos difíceis.
Infelizmente, para poder ter uma estratégia ampla neste sentido e
recursos para financiá-la, o governo precisaria de um projeto de redução
do tamanho do Estado que não existe.
Escrito por Ricardo Amorim
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