Recebo um e-mail de meu amigo Augusto:
“Outro dia fiz uma
apologia ao ‘bom senso’. Eis que, lendo um livro pra loucos não tão
velhos, descubro uma definição de Albert Einstein para o tal bom senso
que sepultou de vez minhas (in)certezas: ‘Bom senso é o conjunto de
todos os preconceitos que adquirimos durante nossos primeiros dezoito
anos de vida‘. Noutra fonte descubro: ‘as opiniões de homens comuns;
julgamentos sólidos e prudentes mas, em geral, não muito sofisticados’.
Arrasado, notei o que me incomodava tanto... e o tal bom senso me levou a
refletir muito antes de mandar um e-mail desmentindo minha fervorosa
defesa anterior. Abaixo o ‘bom senso’, digo agora, e com ele todos
aqueles que, como eu, o defendem tão inocentemente”.
O Augusto
referia-se a um diálogo no qual falamos da necessidade de simplificar os
processos, de aplicar o bom senso. Tomei o e-mail do Augusto como a
descoberta de que aquilo que é considerado “normal” é exatamente o que
nos coloca no mundo da mediocridade.
José Ingenieros escreveu: "O
homem medíocre é, por essência, imitativo e está perfeitamente adaptado
para viver em rebanho, refletindo as rotinas, pré-juizos e dogmatismos
reconhecidamente úteis para a domesticidade”.
Domesticidade. Viver em rebanho. Sem sustos, sendo levado para onde o pastor quer. Basta usar o bom senso.
O
ser humano quer o bom senso para classificar as atitudes naquilo que
considera “normal”, e assim entendê-las. Isso não é ruim, na verdade é
uma das formas de tornar possível o convívio em sociedade. O problema é
quando o bom senso representa apenas “o conjunto de todos os
preconceitos que adquirimos durante nossos primeiros dezoito anos de
vida.” Quem não ampliou seu repertório, não aprendeu com seus erros e
com os erros dos outros, é escravo desses preconceitos e trabalha para
que tudo permaneça exatamente como está.
Mas num mundo
competitivo, ser mediano, ser normal, jogar pelas regras, fazer tudo
certinho, é ser invisível. Se você não quer passar pela vida invisível,
talvez tenha que estabelecer uma nova classificação: em vez de bom
senso, falar no “melhor senso”, aquele que você julga o mais adequado
para o momento, sem precisar ser o senso comum, o tradicional, o que
todos esperam, o “normal”. Pode ser um senso maluco, capaz de tirar você
do mar de mediocridade em que nos vemos afundados.
Mas o “melhor
senso” tem problemas. Primeiro, depende de sua capacidade de
julgamento. Infelizmente a maioria das pessoas só consegue julgar com
base no “conjunto de todos os preconceitos que adquirimos durante nossos
primeiros dezoito anos de vida”. Julgamentos precisam de repertório, de
referências, de valores. E numa sociedade onde as pessoas estão
acostumadas a viver em rebanho, domesticadas, os valores e referências
padrões são aqueles... comuns. Daí tudo estar tão igual, tão “normal”.
Segundo: quem é que tem peito pra defender um melhor senso que vá contra o consenso da maioria? Pois é...
Esqueça
o bom senso de vez em quando. Faça diferente. Não seja normal. Não
jogue exclusivamente pelas regras. Procure seu melhor senso. Talvez
assim você faça a diferença.
Mas prepare-se para apanhar...
Escrito por Luciano Pires
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