Há cinco importantes lições que a equipe de futebol do Corinthians
tem a legar ao mundo corporativo: efetividade, liderança, trabalho em
equipe, marketing e paixão.
1. Efetividade
O mundo
corporativo é muito preocupado com eficiência e eficácia. A eficiência
pode ser definida como “fazer certo as coisas” e está associada ao
respeito às normas e padrões, ao preenchimento de relatórios, à redução
de custos sem comprometer a qualidade. Já a eficácia significa “fazer a
coisa certa”, com foco exclusivo no objetivo, muitas vezes sem a devida
atenção para com os processos. Assim, um vendedor pode visitar uma
dezena de clientes em um dia, mostrando-se muito eficiente. Porém, se
não fechar negócio algum, terá sido ineficaz. A efetividade é a união de
ambos. A eficiência procura otimizar recursos, a eficácia busca atingir
metas e a efetividade objetiva o resultado.
A equipe do
Corinthians, sob o comando do técnico Tite, exemplifica bem esta tese.
Em 188 jogos, teve um aproveitamento de 62% dos pontos disputados. Não é
um número excepcional, mas o suficiente para levar a equipe à conquista
de diversos torneios. Em 118 partidas (63% do total), o time venceu ou
foi derrotado por apenas um gol de diferença ou empatou sem gols ou pelo
placar mínimo. Desta forma, tornou-se um time difícil de ser batido,
que marca muito bem, vende caro a derrota ou faz o mínimo necessário
para vencer. Não joga bonito, mas levanta o troféu. Fazendo uma
analogia, a seleção brasileira dirigida por Telê Santana nas Copas de
1982 e 1986 praticava o futebol-arte, mas como legado deixou apenas
saudade...
Por isso, lembre-se: sua empresa pode ser bonita, bem
organizada, com produtos e serviços excepcionais, um clima
organizacional edificante e uma série de outros predicados. Porém, se a
última linha do balanço não for de um azul reluzente, sua existência
estará ameaçada.
2. Liderança
A vexatória eliminação do
Corinthians para o colombiano Tolima, na pré-Libertadores de 2011,
poderia ter marcado o fim de um período glorioso que estava por se
iniciar. Naquela ocasião, a diretoria decidiu manter o técnico,
contrariando a praxe de dispensar o treinador – algo similar a demitir o
líder no mundo corporativo quando os resultados não aparecem no curto
prazo.
Além disso, é função das lideranças combater a vaidade –
iniciando pela própria. O líder deve ser um guia, um condutor e um
mentor. Mas também deve ser enérgico, tomando decisões difíceis e até
impopulares, afastando alguém do elenco ou mesmo punindo quando
necessário. O líder deve ser exemplar – mas também inspirador.
3. Trabalho em equipe
O
sucesso empresarial assemelha-se aos esportes coletivos na busca pela
consagração. O êxito não é resultado de um indivíduo – o dono, o
presidente, o diretor, o melhor vendedor – mas de todo o grupo. A maior
rentabilidade, a redução dos índices de desperdício, o zero acidente, um
elevado share of mind, tudo decorre do trabalho em equipe.
Da
atual equipe do Corinthians, nenhum atleta integra o elenco da seleção
brasileira. E praticamente não há titulares absolutos: a luta por um
espaço no time é travada diuturnamente, a cada treino, a cada jogo.
Acrescente-se,
ainda, que é necessário dar-se “tempo ao tempo”. Uma equipe não é
simplesmente constituída, mas desenvolvida. Assim, a derrota para o
Santos na final do campeonato paulista de 2011, foi parte do processo
que culminaria com o título invicto da Libertadores 2012 e o Mundial
Interclubes.
4. Marketing
O rebaixamento para a série B,
em 2009, poderia configurar um período nefasto para os negócios do
clube. Porém, foi o início de um processo de construção de marca que
redundaria em recordes de público nos estádios, contratos milionários
com a TV, novos patrocinadores, vendas de camisas e outros produtos via
licenciamento, além de iniciativas inovadoras como patrocínios pontuais
para jogos em finais de torneios e a venda de espaço publicitário nas
axilas da camisa para o desodorante Avanço, elevando o faturamento até
tornar-se o mais elevado entre todos os clubes do país.
E você,
como tem cuidado do marketing de sua empresa? Lembre-se de Henry Ford:
“Se eu tivesse um único dólar, investiria em propaganda”.
5. Paixão
Da
Democracia Corintiana de 1982, passando pela campanha na série B até a
Invasão do Japão em 2012, um ingrediente sempre esteve presente: a
devoção do torcedor ao time. Como um casamento, nos bons e nos maus
momentos, o “fiel” torcedor , reunido em um "bando de loucos", sempre
esteve presente, numa paixão que transcende os campos de futebol, invade
as ruas no Carnaval, veste uniformes e canta hinos.
Seus
colaboradores são igualmente apaixonados por sua companhia? Consomem seu
produto, indicam seu serviço e defendem com afinco sua empresa? E seus
consumidores, são os maiores propagadores de sua marca?
Alcance esta grau de satisfação e reconhecimento para conquistar seu maior título: a liderança em seu mercado.
PS:
Este articulista não é torcedor do Corinthians, mas respeita e admira
sua recente trajetória. E aproveita para agradecer publicamente ao amigo
corintiano Jorge Ifraim, que contribuiu com informações para este
artigo.
Escrito por Tom Coelho
Para contratar este palestrante: (11) 2221-8406 ou