Em cada época, aprendemos coisas diferentes, sejam os aspectos mais
significativos da sociedade, da política, da economia ou das relações
entre as pessoas.
Mas também, aprendemos sobre mesmos fatos e
idéias, muitas vezes sem notar que, a percepção sobre o mesmo fato vai
sendo alterada pelos fatos mais recentes.
Assim, uma descoberta
sensacional numa determinada época, passa a ser vista como um fato com
significado menor na medida em que a ciência evolui. A descoberta da
Penicilina é percebida com a mesma importância pelos jovens de hoje, que
convivem com o mapeamento genético?
Tal idéia contraria a noção
imediata de que o conhecimento adquirido hoje é uma somatória dos fatos
do passado, com mesmos valores e com a mesma relevância. O significado e
o valor atribuído hoje, não são os mesmos das gerações anteriores,
ainda que os fatos sejam os mesmos.
Recorrendo às análises de
setores disciplinados, como do setor militar, em que o registro das
experiências de conflitos são registrados com muito rigor e disciplina,
percebemos que a relevância dos fatos sofre mudanças de percepções com o
tempo em todas áreas.
É claro que entre os que viveram os fatos
e os que receberam os relatos, há uma enorme distância. Esperar que
todos tenham a mesma percepção pode ser uma expectativa imensamente
frustrante.
É grande a diferença entre a memória daqueles que
sofreram nas suas famílias as dores das perdas da guerra do Vietnã, e a
percepção daqueles que recebem os mesmos fatos como relatos históricos,
algumas décadas mais tarde.
A Tempestade do Deserto já vai
ficando para a história e novas intepretações, talvez com novas
revelações, vão criando percepções diferentes.
Estratégias de
guerras mais recentes dos EUA mostraram que nas mudanças de gerações, o
significado e a relevância do mesmo fato se perdem, inevitavelmente,
causando até mesmo dolorosas repetições de ações militares inexitosas.
Não
existe nada de errado nisto, apenas falhamos em perceber e falhamos em
buscar uma consideração adequada para estas tão propaladas diferenças
entre gerações.
Num outro exemplo, é claro que Chico Landi
(quem?) foi um herói tão valioso para uma geração quanto Emerson
Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna foram para outras. Embora se
tente fazer comparações entre eles através de números, relações e
percentuais. Jamais estas comparações serão completamente válidas. Os
contextos determinaram o significado e a relevância peculiares para
cada geração.
Quando se lida com diferentes gerações nas organizações, também ocorre a mesma mudança de percepção entre elas?
Provavelmente
sim, ou certamente que sim. Apenas não dedicamos ainda suficientes
tempo para desvendar as diferenças e elaborar uma forma prática de lidar
com o processo.
Para cada empresa, deveria haver uma matriz de
fatos relevantes do seu mercado e da própria empresa numa linha do tempo
bem estabelecida. Assim poderíamos saber que os fatos do passado foram
marcantes e essenciais para algumas pessoas que viveram a época, mas
para aqueles que nasceram depois, não passaram de relatos históricos ou
lendas contadas.
Pode-se imaginar que a mesma referência, citada
com as mesmas palavras, ressona de maneiras completamente diferentes
para as distintas pessoas? Como se pode esperar a mesma interpretação e a
mesma compreensão de todas gerações?
Seria interessante
confrontar a data de nascimento da pessoa para entender que fatos, que
conceitos, que idéias e que experiências poderiam ter tido influências
mais relevantes na sua formação e no estabelecimento de seus valores
sociais e pessoais.
Afinal, já percebemos que a figura do Pelé
não é tão relevante para aqueles que tiveram outros heróis da sua época.
Nas organizações, não estaríamos mantendo a expectativa de que o jovem
procure ser como Pelé, quando o herói dele é Neymar ou Messi? Deste
mundo tão diferente, só podem vir jovens muito diferentes das gerações
anteriores.
Não há porque questionar se são melhores ou não. O
fato é que são diferentes e devem ser compreendidos como tal. Há uma
grande diferença entre ter expectativas irrazoáveis e trabalhar para
reduzir o gap, compreendendo as razões das diferenças. Significa que o
gestor da época de Pelé, precisa aprender e gostar mais de Neymar ou
Messi...
Quando os gestores compreenderem melhor estas
diferenças, talvez o gap entre gerações venha a ser menor! Lembremo-nos
de que o papel dos jovens é sempre mudar o mundo... Para tanto, é
necessário que sejam diferentes e melhores para o contexto do que as
gerações anteriores.
Escrito por Yoshio Kawakami
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