quinta-feira, 28 de março de 2013

A Paixão de cada um

Violento. Foi esta a palavra que mais encontrei para definir o polêmico filme A Paixão de Cristo, produzido e dirigido por Mel Gibson.
Saindo da sessão, pude ouvi-la pessoalmente e por diversas vezes, proferida por pessoas de sexo e idade diferentes. Coloquei-me, então, a refletir sobre o porquê dessa percepção.

Chuck Norris, Van Damme e Jet Li golpeiam metade do elenco em seus filmes. Cenas formadas por lutas elaboradas, com emprego de técnicas refinadas de artes marciais. O protagonista mostra-se superior até a “batalha final” travada contra o malfeitor. Nessa disputa, enfrenta dificuldades para suplantar o adversário. Apanha, sofre, até que uma gota de seu sangue surge após um golpe certeiro desferido pelo oponente. Está aberta a porta para que o mocinho se supere, derrotando de forma exemplar as “forças do mal”.

Stallone, Schwarzenegger e Steven Seagal também são bons de briga. Usam desde tacos de beisebol até bolas de bilhar e garrafas de bebida para colocar os opositores fora de combate. Mas, como se não bastasse, também são bons atiradores, resolvendo a questão com metralhadoras, granadas, lança-chamas ou apenas uma arma de elevado calibre.

Vejo também filmes em que catástrofes naturais, extraterrestres, bombas atômicas e toda sorte de eventos destroem o planeta. Filmes de guerra e de combate ao narcotráfico em que pessoas são amputadas, fuziladas e perdem a vida com um disparo na têmpora.

Nada disso é violento para nós.

Trata-se de um jogo lúdico, uma catarse. Representa nossos estigmas, um desejo inconteste do subconsciente de fazer valer a justiça que não temos, não recebemos, não praticamos. E talvez a justiça que não desejamos, não merecemos, não engendramos.

O que torna A Paixão de Cristo violento é o fato de acompanharmos por 126 minutos o sofrimento e a dor de Jesus e sentir de forma muito presente que somos nós mesmos os protagonistas do filme. A cada tapa, a cada chibatada, a cada queda, sentimo-nos como se fôssemos nós mesmos a receber tais punições. É isso que incomoda a quem assiste a esta película – e onde reside seu maior mérito. Não é um personagem qualquer que está sendo castigado. Pouco importa a religião de cada um. O fato é que tomamos consciência de nossos pecados, pequenos ou obtusos, o que nos permite o reconhecimento como partícipes dessa violência recorrente.

Somos complacentes com a violência desferida a terceiros. Até nos mostramos apreensivos, um pouco incomodados, mas o fato é que apenas o constrangimento impingido a nós mesmos torna-se objeto de reação.

Sentimo-nos injustiçados quando preteridos em nossas atividades profissionais, mas não temos dificuldades em subjugar ou demitir quem não se alinha aos nossos interesses. Condenamos práticas públicas espúrias, mas não hesitamos em buscar pequenos favorecimentos pessoais. Vestimo-nos de branco e rogamos pela paz, mas admitimos a guerra exercida em nome de Deus.

Cada um tem sua própria Paixão e sua própria cruz por carregar. Estou certo de que aquele que acompanhou o calvário de Cristo como retratado no filme jamais olhará incólume para um crucifixo a partir de agora, vendo-o como um mero ícone apenas.

Só não estou certo se cada um, dentro de sua crença e de sua fé, superada a angústia inicial, será capaz de encontrar o caminho, a verdade e a vida.

Escrito por Tom Coelho
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quarta-feira, 27 de março de 2013

Armadilhas do Cotidiano

Um casal estava viajando e ao mesmo tempo estavam discutindo, brigando. Depois veio aquele silêncio. Continuavam “emburrados” quando passaram por uma propriedade rural na qual havia vários porcos.

O marido resolveu provocar: - Aqueles ali são seus parentes?

Ela respondeu sem pestanejar: - Sim, são meus cunhados!

Amigo, não caia nas armadilhas do cotidiano e não participe de confrontos sem sentido. Infelizmente vivenciamos isso a todo o momento.

Pessoas que agem assim são infelizes, perdem relacionamentos, perdem clientes, ficam numa redoma de tristeza, somatizam doenças de graça, colam uma etiqueta na testa chamada “depressão”.

É preciso estar vigilante para se esquivar da maldade. O Apóstolo Paulo falou ao povo romano daquela época para não deixar que o mal vença, mas que vençam o mal.

Na correria do dia-a-dia, nos vemos em situações que servem como gatilhos que nos fazem perder a razão. Isso acontece até num desentendimento com um amigo ou numa discussão no trânsito. Sem percebermos, nos afastamos de nossa consciência e isso nos torna irracionais.

Vale a pena viver em paz. Vale a pensa ser vigilante consigo mesmo. Pense bem, nenhum ser humano nasceu para ser pequeno. Nossa essência é buscar o conhecimento e a felicidade.

Todos nós sabemos que o que diferencia o ser humano dos animais é a razão, mas o que nos diferencia uns dos outros é a forma como usamos a razão para amar e respeitar o próximo.

Vale a pena viver assim. Essa atitude traz mais felicidade a você do que qualquer outra coisa no mundo.

Pense nisso, um forte abraço e esteja com Deus!

Escrito por Gilclér Regina
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terça-feira, 26 de março de 2013

Escrever rasoavel é errado, mas...

Ando cismado com o “mas”, aquela conjunção coordenativa adversativa que liga duas orações ou palavras e expressa a ideia de contraste, de diferença. Olha só: “FHC saneou o sistema bancário, corrigindo problemas históricos que impediam o desenvolvimento do Brasil, e Lula ampliou políticas sociais que fizeram com que o país evoluísse ao longo da primeira década do milênio.”

“FHC saneou o sistema bancário, corrigindo problemas históricos que impediam o desenvolvimento do Brasil, mas Lula ampliou políticas sociais que fizeram com que o país evoluísse ao longo da primeira década do milênio.”

Notou diferença? No primeiro enunciado, um “e” significa que FHC e Lula estão juntos no trabalho de desenvolvimento do país. No segundo enunciado, Lula é o único responsável pela evolução do Brasil. A diferença entre os dois enunciados é a troca do “e” pelo “mas”.

“O brasileiro Neymar é o mais habilidoso jogador de futebol do mundo, o argentino Messi é o que mais faz gols.” Opa! Quero os dois no meu time!

“O brasileiro Neymar é o mais habilidoso jogador de futebol do mundo, mas o argentino Messi é o que mais faz gols.” Humm... Prefiro o Messi no meu time.

Eu tinha um colega de trabalho que respondia a todos os argumentos que ouvia com um “Sim, mas...”. Era irritante, ele nem precisava continuar, todos sabiam que o “sim” era apenas uma forma de atenuar a discordância anunciada pelo “mas”. Mas o “mas” como oposto, como contraste, a gente conhece de sobra, o problema é que nestes tempos de pandemia de mentiras, o “mas” vem ganhando outras dimensões. Passou a ser aquilo que chamo de Conjunção Coordenativa Escusativa.

De novo: Conjunção Coordenativa Escusativa. “Os mensaleiros meteram a mão no dinheiro público, mas foi por uma boa causa.” “O MST invadiu e destruiu a fazenda, mas aquelas terras são consideradas improdutivas.” “A corrupção no governo da Dilma é imensa, mas no governo de FHC também era.”

O “mas” como Conjunção Coordenativa Escusativa prepara a escusa, a desculpa. Transfere responsabilidades para terceiros, justifica desmandos, atenua consequências e torna normal e aceitável aquilo que deveria ser rechaçado por imoral, ilegal e desonesto.  E então temos o “roubou, mas quem não roubou antes?”, “A boate pegou fogo, mas os que morreram sabiam que era um local arriscado”; “A moça foi estuprada, mas estava usando uma saia curtíssima”; “O sujeito morreu no assalto, mas estava usando um relógio Rolex e dirigindo com o vidro aberto”; “Osama Bin Laden jogou dois aviões nas torres gêmeas, mas Bush invadiu o Afeganistão”; “Ainda morrem presos políticos em Cuba, mas lá todas as crianças estão na escola”, e assim vai.

Erros anteriores justificando erros atuais, como uma espécie de compensação, que é ainda mais diabólica quando a definição de “erro” depende dos interesses de quem emprega o “mas” como Conjunção Coordenativa Escusativa.

Se você gosta de usar o “mas”, preste bem atenção para não usar como desculpa. Jamais perca de vista que quem escolhe, defende e protege o ruim porque antes era pior, continua escolhendo o ruim.

Mas tem gente que nem percebe...

Escrito por Luciano Pires
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segunda-feira, 25 de março de 2013

Voluntariado, transformação e a sociedade brasileira

A origem do trabalho voluntário no Brasil remete-nos à colonização portuguesa, nos idos de 1512, com as Santas Casas de Misericórdia que atendiam os mais necessitados, passando pelo início do século 20, período em que o trabalho voluntário era praticado pelas damas da caridade, senhoras de famílias tradicionais que se ocupavam das ações filantrópicas para promover sua imagem por meio da ajuda aos carentes.

A Constituição Federal de 1988, ao trazer a retomada dos direitos e garantias individuais, permitiu que os movimentos sociais, antes reprimidos pelo regime militar, ressurgissem oportunizando ao trabalho voluntário conquistar espaço e expressão na sociedade brasileira.

Os últimos 20 anos foram de solidificação da importância do voluntariado para o desenvolvimento social o que se deu, também, por contribuição do Programa Comunidade Solidária, promovido pela então primeira-dama Ruth Cardoso, que objetivou uma reorganização do Terceiro Setor e, por óbvio, do trabalho voluntário; além de outras ações importantes como a mobilização social que resultou na Lei federal 9.608/98 trazendo o trabalho voluntário ao ordenamento jurídico brasileiro.

Esta história e as movimentações da sociedade organizada proporcionaram notoriedade ao voluntariado, conduzindo-nos a um novo olhar: ser voluntário para inovar no tratamento das afetações sociais, focando a prevenção e não apenas a reparação. T
rata-se do novo voluntariado, a partir do qual o cidadão deixa de olhar com dó para as dificuldades sociais, percebe-se copartícipe da sociedade e, portanto, corresponsável no enfrentamento dos problemas sociais.

Mas, certamente, esta reflexão traz consigo uma dúvida: teria, então, o novo voluntariado que ser pautado por grandes ações, geradoras de resultados expressivos e de ampla repercussão? Sem dúvidas, não!

O que se busca são ações que não estejam sustentadas na ideia da compaixão, mas focadas na participação cidadã. A ação voluntária, em si, pode ser simples como, mensalmente, coletar doações para uma instituição; ou complexas, como organizar uma campanha de conscientização sobre determinado assunto importando, apenas, que a motivação desta prática seja a colaboração transformadora e não o mero assistencialismo registrado em nossa história.

Dois aspectos importantes que influem no trabalho voluntário são: os requisitos e a carga horária. Subjetivamente, devem-se observar os requisitos da disposição e da aptidão. Disposição para encarar com responsabilidade o trabalho voluntário; e aptidão (capacidade) para desenvolver a tarefa proposta.

De modo simples: qualquer pessoa pode ser voluntária, desde que tenha boa vontade e alguma habilidade para doar. No âmbito legal, requer-se que a ação seja realizada em instituição pública (órgãos e entidades governamentais em geral) ou instituição privada sem fins lucrativos e com objetivos filantrópicos.

Nada que assuste: uma ONG ou algum projeto social promovido pelo governo. No tocante à carga horária, diante da omissão deixada pela Lei 9.608/98 e da análise da legislação esparsa, fica a recomendação para que a ação voluntária esteja na margem de quatro horas semanais, garantindo a qualidade das demais atividades de nossa vida (lazer, trabalho etc.).

Outro aspecto relevante é o plano dos direitos e deveres relativos ao voluntariado: é obrigação do voluntário, por exemplo, desenvolver com responsabilidade e continuidade a atividade com a qual se comprometeu e informar à instituição quando não puder mais comparecer, pedindo para que seja celebrado o Termo de Desligamento que, mesmo não previsto em lei, representa importante garantia tanto ao voluntário quanto à instituição.

E este termo nos coloca no campo dos direitos ao lembrarmos, também, que a lei determina a celebração do Termo de Adesão ao Serviço Voluntário, no qual serão especificadas as condições do trabalho voluntário, tais como: periodicidade, horários e a atividade em si.

Escrito por Thiago A. Soares Pinto
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sexta-feira, 22 de março de 2013

Maratona da vida

A cena é velha conhecida de todos nós. O semáforo fecha, os carros param e uma pessoa, jovem ou idosa, circula pelo corredor formado por entre os veículos depositando objetos de toda ordem sobre o espelho retrovisor: balas, canetas, flanelas, adesivos. Enfim, qualquer coisa que possa receber o valor de um ou dois reais estampado num pedaço de papel xerocopiado com mensagens como “estou desempregado”, “garantir o sustento de minha família” e “Deus lhe abençoe”.
Dia destes flagrei-me conversando com meu lado mais cartesiano, aquele que sublima a matemática existente por trás das notas musicais e da geometria das construções. Os números, quando não manipulados, mentem jamais. O cálculo dispensou uso de máquina: observei um garoto percorrer dez veículos. Considerando-se uma extensão média de dois metros e meio por automóvel (seu comprimento acrescido da distância mantida para o carro seguinte), temos um total percorrido em torno de 25 metros. Porém, o jovem caminhava, a cada semáforo fechado, quatro vezes esta distância para distribuir, retornar, recolher e reposicionar-se no ponto de partida. Ou seja, cem metros por semáforo fechado. Tomando-se um intervalo de dois minutos entre paradas, o trajeto era cumprido trinta vezes em uma hora. Fazendo-o por seis horas ao longo do dia, temos a surpreendente marca de 18 quilômetros diários. Uma meia maratona!

Sem preciosismos, podemos julgar o garoto do exemplo acima muito lépido e arguir que, na verdade, o total percorrido seria metade do exposto. Continuamos com nove quilômetros diários, sob sol e chuva, descaso e arrogância, medo e intolerância.

Este é um exemplo cristalino da economia informal que toma conta deste país. Há toda uma indústria paralela por trás desta mendicância: do fornecedor de balas, canetas, flanelas e adesivos, ao fornecedor do papel xerografado e da embalagem plástica que compõe o tal kit.

É evidente que sempre haverá quem alegue que tais pessoas gostam de exercer esta “profissão”, que na verdade não querem procurar um “emprego” legítimo. Ainda que isso seja um fato, em meu entender não generalizado, a resposta a asserções deste gênero fica estampada em eventos como um concurso público realizado tempos atrás no Rio para seleção de 1.400 garis, que atraiu 110 mil inscritos, entre eles 22 mestres e 45 doutores, para auferir uma remuneração da ordem de dois salários mínimos.

Diante deste quadro, pode parecer contestação filosófica ou bravata pseudointelectual, mas não há como deixar de se questionar: Que diabos de país nós estamos construindo?

Escrito por Tom Coelho
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quinta-feira, 21 de março de 2013

Nem Rico... Nem Pobre!

Nesta minha reflexão, me baseei no livro de Apocalipse escrito pelo Apóstolo João, quando ele escreve na carta à Igreja em Laodicéia, em um de seus trechos onde se lê: “... Assim, porque és morno, e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca”.

As pessoas geralmente são assim divididas em dois momentos: 1. Olham pra frente 2. Olham para trás.

Ao olhar para frente, veem o rico, suas conquistas, seus triunfos, seu sucesso, seu conforto e isso no plano positivo motiva e no negativo provoca inveja. E conseguem mesmo enxergar que são poucos os que estão lá no pódio.

Ao olhar para trás veem o pobre. Estes são milhões, a absoluta maioria, falta assistência, têm dificuldades financeiras, outros passam fome, muitos têm que pagar aluguel para morar, outros não tem atendimento médico ou tem e pagam com grande esforço, impera o medo pela sobrevivência.

No melhor sentido motivacional, olhar para frente motiva, mostra que também se pode estar lá no alto... E olhar para trás para se conformar, mostrar que não está tão ruim assim, que espaços já foram conquistados.

Mas o que constrói o sucesso é atitude para saber aplicar os exemplos. Uma palavra convence, um exemplo arrasta multidões.

Nem rico nem pobre e sim atitude para vencer. Não existe sucesso que resista a pessoas que ficam pelo meio do caminho.

Em alguns momentos é importante mesmo olhar para trás para se confortar, ver que já percorreu um bom caminho e que está na frente de muitos... Mas muito importante olhar para frente e ver o que outros fizeram num plano maior (benchmarking), moldar para a sua realidade.

Time que joga com medo de perder a partida já começa perdendo de um a zero. Portanto não existe meia meta ou meio objetivo. Seja seta e não alvo. Corra na frente para chegar primeiro e beber água limpa.

Pense nisso, um forte abraço e esteja com Deus!

Escrito por Gilclér Regina
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quarta-feira, 20 de março de 2013

O Papa e o astronauta

Ao ser anunciado o novo Papa, fiquei imaginando o que passou pela cabeça das pessoas que conheceram Jorge Mario Bergoglio quando criança em Buenos Aires... Gente que conviveu com ele bem de perto e que agora assiste sua nomeação para um dos cargos de maior visibilidade no planeta.

Me lembrei então de um texto que escrevi há algum tempo e que é pertinente neste momento. O texto começava com uma pergunta que sempre ouvi quando criança:

- O que é que você vai ser quando crescer?

Quantas vezes você ouviu ou fez essa pergunta? A gente se concentra na resposta e esquece de examinar a pergunta. O que é que as pessoas estão querendo que você diga, afinal?

Seus sonhos. Isso mesmo. Elas não estão interessadas na resposta exata, estão interessadas em saber o tamanho de seus sonhos. Quando você respondia que queria ser engenheiro, médico, dentista ou advogado, as pessoas respondiam com um “muito bem”, não é? Afinal de contas, isso era tudo o que elas esperavam ouvir, era um sonho possível de ser alcançado por seu próprio esforço.

Mas quando você dizia que queria ser astronauta, jogador de futebol, papa ou cantor de rock, a reação delas era diferente. De espanto: “nossa!”. E não raro, seguida de uma risadinha e um “que bom” meio falso, debochado até.

Aqueles eram sonhos difíceis, se não impossíveis, de alcançar. Não estamos acostumados a acreditar que as pessoas que nos rodeiam sejam capazes de grandes feitos, esperamos que elas sejam “normais”, tenham sonhos comuns e vivam suas vidinhas parecidas com as nossas.

Em 1963, quando eu era um caipirinha em Bauru, sonhei em ser astronauta quando crescesse. Os adultos que me ouviam, riam da ideia.

-Moleque, deixa de ser burro! Onde já se viu um astronauta nascido em Bauru?

Muito bem. Cerca de quarenta anos depois, em 2006, o major Marcos Cesar Pontes se tornou o primeiro astronauta brasileiro, ao decolar na nave russa Soyuz para a Estação Espacial Internacional.  E onde é que você acha que ele nasceu?

Em Bauru.

O primeiro astronauta brasileiro é bauruense... Nasceu na minha cidade, quatro anos depois de mim.

Quando aparece no jornal a notícia que o Zé, aquele cara simples, que você conhece, cheio de defeitinhos, fez algo fora do comum, descobriu a cura de uma doença, lançou um livro de sucesso, inventou um produto revolucionário, foi indicado para um alto cargo numa empresa, foi escolhido Papa, você surta. Os pobres de espírito, por inveja. Os demais, por surpresa.

- Um astronauta? Bauruense? Como é que pode?

Talvez ele tenha acreditado em seus sonhos. Talvez tenha falado sério quando, ainda jovem, decidiu que seria mais do que aquilo que os outros esperavam dele. Igualzinho a Jorge Mario Bergoglio em Buenos Aires...

Quando você perguntar a uma criança o que ela quer ser quando crescer, pense nesta frase que alguém me enviou, atribuída a William Shakespeare:

“Nunca diga a uma criança que sonhos são bobagens. Nada é tão humilhante e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.”

Pois é. Se eu não tivesse acreditado naqueles adultos, o primeiro astronauta poderia ter sido eu.

Escrito por Luciano Pires
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terça-feira, 19 de março de 2013

Qual é o plano para mim?

Para as empresas que querem atrair e reter profissionais talentosos, existem duas questões fundamentais para as quais se faz necessário ter respostas claras.

Uma delas é sobre o propósito que o trabalho oferecido pela empresa contém, capaz de convencer os jovens a investirem pelo menos uma fração das suas vidas (afinal o que é o tempo senão um pedaço da vida com incalculável valor?). Os jovens querem trabalhar por um propósito que dê significado às suas vidas. A simples troca de uma fração de suas vidas por uma remuneração já não é suficiente motivação para muitos jovens.

Estariam as empresas preparadas para este diálogo com os jovens no momento da sua contratação? Ou considerariam esta questão uma petulância por parte de quem ainda sequer provou o seu valor na empresa ou no mercado?

Ainda pior seria o fato de que talvez o representante da empresa não tenha suficiente preparo para discutir o tema, pois nem sempre identifica claramente um propósito com suficiente valor na atividade da empresa.

Torna-se fundamental que as pessoas entendam perfeitamente o valor da sua atividade para a sociedade. Você conseguiria explicar porque a presença e atividade da sua organização é importante para a sociedade? Quais são os benefícios?

Não se preocupe em tentar agradar a todos, mas é importante poder apresentar a perspectiva da empresa e identificar aqueles que percebem valor no propósito dela. É necessário que seja claro para atrair pelo menos aqueles que se identificam com o propósito apresentado.

A outra questão é a perspectiva profissional oferecida no momento da contratação. A obscura prática de não se comentar claramente sobre a possibilidade de desenvolvimento da carreira para os jovens gera desconfiança e insegurança.

Os jovens não estão mais dispostos a aceitar, sem discussão, que ao aceitar um emprego numa empresa não possam saber que etapas compõe o percurso hipotético ao topo da organização. Não se trata de assegurar ou prometer a evolução, mas de poder discutir abertamente com os jovens as perspectivas de desenvolvimento da sua carreira na empresa.

A relação entre os desafios, as expectativas, os resultados e as apreciações dificilmente serão integralmente compreendidas num primeiro momento. Palavras como esforço e sacrifício podem conter diferentes significados para cada pessoa, dependendo das suas referências e das suas experiências.

Obviamente, cada qual pensa no plano para sí, e não para todos ou para os outros.

Por isso a pergunta: "- Qual é o plano para mim?", faz todo sentido e focaliza a discussão no indivíduo e não na classe ou no grupo. O que os jovens buscam neste momento não é conhecer a probabilidade de ascensão, como no passado. Mas sim conhecer as etapas e os tempos, bem como os fatores que determinam o seu crescimento individual na organização.

A sua análise busca julgar se o investimento de um prazo longo incrementaria as suas possibilidades de crescimento, ou não. Um dos elementos principais da retenção é o valor da permanência para elevar a probabilidade individual de crescimento profissional.

Você percebe algo estranho? Talvez incoerente?

Claro, como pode alguém valorizar tanto o propósito da atividade da organização e ao mesmo tempo individualizar tanto o desenvolvimento da carreira? Assim é a nova geração, que antes de aceitar o emprego, quer saber se vale a pena investir um pedaço da sua vida na empresa.

Claro que ao mesmo tempo, esta geração quer aprender rapidamente, quer participar das decisões e quer empreender...

Você conseguiria convencê-la?

Escrito por Yoshio Kawakami
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sexta-feira, 15 de março de 2013

Crise de Lideranças!

As empresas buscam o líder que se ajusta com mais rapidez as mudanças que cada dia são mais velozes. Buscam quem é capaz de conduzir os outros.

Este líder sabe que para obter esse “status” e essa condição verdadeira, na missão, precisa ser humilde para reconhecer que não sabe tudo e vai buscar na essência o conhecimento, a empatia e fundamentalmente assume responsabilidades, não é misso. Potencializa isso através das virtudes que possui.

Quando pecar, o faz por ação e nunca por omissão.

Quando o navio está afundando você não vai esperar que o Comandante suba até a proa e grite: Reunião no convés!

Um líder em sua essência sabe respeitar as diferenças individuais e trabalhar o potencial de cada um em prol da equipe. Só se consegue montar uma equipe de sucesso “entendendo” quem são as pessoas, sabendo “ler” a personalidade delas.

Hoje há “crise de lideranças”. Vemos isso no mundo empresarial, no mundo familiar, no mundo político e até no mundo eclesiástico.

Não se investe em autoconhecimento, o que deveria ser feito desde a infância, do ensino fundamental até as universidades. Quantas carreiras jogadas ao leo! Quantas pessoas infelizes e frustradas! Quantos negócios falidos!

Tudo porque seguiram uma carreira que os outros diziam ser “rentável” ou “da moda”. Outros porque os pais queriam que seguissem a “carreira da família”, tipo filho de médico tem que ser médico e assim por diante, advogado, engenheiro, professor, etc...

Não se investe na definição de aptidões e vocações. No meu livro “No Topo do Mundo – Motivados para Vencer” eu fiz algumas inserções sobre isso: “Um filho de um médico pode ser um bom músico ou um filho de um músico pode ser um bom médico”.

E a crise de lideranças não é somente na deterioração da ética, do comportamento, do mau uso dos recursos. É na falta de preparação, de inspiração, de investimento na carreira, de treinamento e educação, de buscar uma melhor percepção do autoconhecimento para aplicar na formação de talentos e melhorar resultados, pois vivemos deles.

Olhe-se no espelho e reflita como está a sua atuação como líder, seja de sua equipe seja de você mesmo, de sua vida. Afinal, somos líderes também de nossa vida!

Pense nisso, um forte abraço e esteja com Deus!

Escrito por Gilclér Regina
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quarta-feira, 13 de março de 2013

A insustentável leveza do ambiente de trabalho?

Ambientes de trabalho tendem a ser ambientes pesados e duros, onde reinam a seriedade e a disciplina, onde procedimentos e normas se acumulam sobre as leis da sociedade. A composição só é tolerada por conta de esperanças de um futuro melhor ou por conta das contas.

Mas precisa ser assim mesmo?

O livro "A insustentável leveza do ser", de Milan Kundera, publicado em 1984 poderia bem ser uma leitura obrigatória dos cursos de Administração e dos MBAs para compreender que a dualidade da dureza e da leveza pode estar invertida para muita gente.

A dureza pode ser apenas a ausência da leveza e o ambiente pesado no trabalho pode ser apenas reflexo da incapacidade do líder em estabelecer um ambiente leve e criativo.

É a escolha entre a disciplina e a inovação criativa como caminhos para se alcançar o salto de produtividade através da eficácia ao invés da eficiência repetitiva de Taylor e Ford.

Quem ainda não entendeu que a permanente busca da eficiência (mais por menos) já teve o seu melhor momento e só a inovação pode levar a produtividade aos níveis desejados? Para isso, é fundamental que o ambiente seja leve, livre e criativo...

Saber criar leveza no ambiente de trabalho pode ser considerado uma arte refinada na arte da gestão, principalmente em épocas difíceis. Significa trocar o poder da autoridade pelo poder da sabedoria. Sabedoria que assegura que o ser humano produz mais e melhor em ambientes favoráveis em que o medo é substituído pela confiança e a cobrança é substituída pela responsabilidade.

E de onde vem a postura do chefe, que faz o ambiente leve ou pesado? Vem das suas crenças remotas, das suas experiências de outras épocas e de outros contextos. Sim, no passado, a autoridade era a principal imagem do pai de família. Castigos físicos eram praticados até em escolas e bulling nem era problema qualificado ainda.

Destas experiências e da dureza da vida daqueles tempos, forjamos a base da nossa resiliência, como um bom produto, mas nem sempre aprendemos o certo através do errado.

Todos que alcançam a posição de liderança nas organizações já passaram por etapas profissionais sofridas, por chefes autoritários, por ambientes de trabalho pesados e desgastantes, por momentos de desesperança. Mas nem sempre buscam o inverso como solução quando podem.

O ambiente pesado pode ser apenas a ausência da leveza. Mas crenças são fortes e fortalecem-se mais ainda, alimentados pelo poder e pela autoridade, constituindo o modelo "comando-e-controle".

Receio que o problema seja a necessidade de controle. Afinal, não é o fato de pagar salário que deixa de ser uma relação escravagista, mas é o abuso sobre a dependência que faz com que a relação seja pré-Isabeliana.

Ser leve é permitir a liberdade e a criatividade. É apostar na eficácia da inovação no dia-a-dia, mais do que na eficiência da esgotada repetição mecânica...

Escrito por Yoshio Kawakami
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terça-feira, 12 de março de 2013

O bambu chinês

Depois de plantada a semente deste incrível arbusto, não se vê nada por aproximadamente cinco anos, exceto um lento desabrochar de um diminuto broto à partir do bulbo. Durante cinco anos, todo o crescimento é subterrâneo, invisível a olho nu, mas, uma maciça e fibrosa estrutura de raiz que se estende vertical e horizontalmente pela terra está sendo construída. Então, no final do quinto ano, o bambu chinês cresce até atingir a altura de 25 metros. O escritor Stephen Covey escreveu: "Muitas coisas na vida pessoal e profissional são iguais ao bambu chinês. Você trabalha, investe tempo, esforço, faz tudo o que pode para nutrir seu crescimento, e às vezes não vê nada por semanas, meses ou anos. Mas se tiver paciência para continuar trabalhando, persistindo e nutr indo, o seu quinto ano chegará, e com ele virão um crescimento e mudanças que você jamais esperava." O bambu chinês nos ensina que não devemos facilmente desistir de nossos projetos e de nossos sonhos... Devemos sempre lembrar do bambu chinês para não desistirmos facilmente diante das dificuldades que surgirão.

Procure cultivar sempre dois bons hábitos em sua vida: a persistência e a paciência. É preciso muita fibra para chegar às alturas e, ao mesmo tempo, muita flexibilidade para se curvar ao chão.

Escrito por Marcio Kühne
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sexta-feira, 8 de março de 2013

Asinidade estratégica

Outro daqueles artigos antigos que precisam ser revistos, pois são cada dia mais atuais.

Então me pego pensando: como é que sujeitos em papel de liderança nas empresas, tão inteligentes, conseguem tomar decisões idiotas em nome de uma estratégia? Tá na cara que vai dar confusão, que vai dar errado, mas os cabecinhas decidem que assim será.

Pois saiba que já fiz parte, na verdade faço, de tomadas de decisão das quais depois me envergonho. Compactuei com a burrice e assinei embaixo, algumas vezes sendo contra, mas perdendo para a maioria, para o consenso. Outras vezes, por “deixar pra lá”. E outras, conscientemente, fazendo parte da burrada. O interessante – ou assustador – é que essas pessoas, eu inclusive, no momento da tomada da decisão, estavam usando a inteligência. Pensaram, elaboraram, criticaram, analisaram e... Agiram como asnos.

Chamo esse fenômeno de asinidade estratégica. Poderia ser “asnidade”, mas “asinidade” soa melhor. E se você não sacou, o termo vem de asno mesmo.

Dê uma olhada nas decisões que você toma, e você perceberá que muitas delas são dignas de um asno estratégico. O asno estratégico não faz nem deixa fazer, e é capaz de discorrer por horas sobre a correção de seu ponto de vista, revestindo seu discurso com argumentações consistentes, calcadas na “prudência”, “ética”, “interesses dos acionistas”, “imagem”, “padrões” e outros jargões do mundo dos negócios que povoam o universo do asinino estratégico. A asinidade estratégica vive do curto prazo, das decisões imediatas que vão representar um risco gigantesco para quem vier lá na frente, seja outro gerente, outro político ou a próxima geração. Na asinidade estratégica pensamos que estamos cortando gordura enquanto cortamos os músculos necessários para o crescimento. A asinidade estratégica floresce principalmente no consenso, na tentativa de agradar a maioria, preocupada em manter-se nas áreas de conforto. Nasce também no jogo político de minorias interessadas exclusivamente em manter suas posições de poder. Mas há um momento especial em que a asinidade estratégica surge com todo esplendor: é quando a percepção do risco nas escolhas acorda os deuses do cagaço e da ignorância. E dá-lhe asno estratégico...

Aliás, quantos asnos estratégicos você conhece?

A vacina contra a asinidade estratégica é a ação individual, quando alguém tem a luz, percebe a iminência do desastre, chama a atenção e luta com todas as forças para mudar as decisões. Mas esse alguém tem que ter repertório, conhecimento, preparo. Tem que se fazer respeitar. Tem que ter... culhões.

Culhões? Na República do Cagaço? Pois é...

É fácil? Claro que não. Quando eu tinha meus vinte, trinta anos, esbanjava energia suficiente para brigar o tempo todo contra a asinidade dominante, mesmo perdendo em 99% das vezes. Hoje, passando dos cinqüenta, não tenho mais saco. Fiquei ranheta, impaciente, insuportável. Teimoso como um... Asno!

Odeio a asinidade estratégica. Por causa dela me sinto burro. Mas felizmente sou um asno consciente. E é essa consciência que me dá esperanças de um dia, lucidamente, desasnar.

Escrito por Luciano Pires
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quinta-feira, 7 de março de 2013

Vivendo pelo Fracasso ou pelo Sucesso!

Tudo que acontece em nossa vida está diretamente ligado às escolhas que fazemos. Muita gente tem feito um direcionamento para o trabalho alcançando níveis incríveis de sucesso, mas levando uma vida pessoal e familiar em permanente estado de crise.

A maioria de nós supervaloriza alguma área de nossas vidas como uma maneira de mascarar problemas em outras.

Algumas pessoas evitam lidar com problemas ou outros aspectos de suas vidas, tais como casamento, relacionamentos, finanças e saúde. Mas por que fazem isso? Qual é o motivo? Sempre há um motivo!

Para a maioria de nós, é mais fácil - ou imaginamos que seja mais fácil – seguir em frente, a duras penas, ativando o piloto automático, que é o mesmo que viver pelo fracasso, pois não fazemos mudanças necessárias para viver pelo sucesso.

Viver pelo fracasso significa escolher viver com a dor e a frustração, seja pela distância de filhos e família, seja por conviver com pessoas dentro de casa que são quase estranhas por estarem sempre ausentes.

Por que escolher isso então? Ficar estagnado é mais fácil que enfrentar a mudança. Essa é a questão. O que você está evitando? Talvez você tema a mudança. Sejam quais forem suas razões, é hora de desafiar o elefante branco, assumir a responsabilidade, fazer algumas novas escolhas e, então, tomar uma atitude.

Viver pelo sucesso faz você ser um profissional competente, mas também ter seu casamento nos trilhos, seu relacionamento com os filhos mais presente e surpreendentemente, tenho presenciado pessoas que fizeram essa transformação e passaram a ter mais sucesso ainda na vida profissional.

Só que agora são profissionais felizes e pessoas felizes. Essa tendência é também de construir uma empresa mais feliz com pessoas mais comprometidas e alegres. O novo ambiente também faz a diferença.

O domingo é ótimo porque tem a semana de trabalho e essa é maravilhosa porque tem o domingo. A viagem deve ser tão boa quanto o destino e a felicidade está não somente no destino, está também na viagem. Não espere para ser feliz!

Pense nisso, um forte abraço e esteja com Deus!

Escrito por Gilclér Regina
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quarta-feira, 6 de março de 2013

O capital social

Escrevi este artigo em 2008. Mas acho que ele fica mais atual a cada dia.

Desde que eu era criança em Bauru e até meus 45 anos de idade mais ou menos, todo Natal era especial. Meus avós, seu Duarte e Dona Dora, faziam questão de reunir a família durante as festas de final de ano. Era uma grande bagunça, entre vinte e trinta pessoas nos almoços e jantares festivos, com a leitoa e o creme do Vô, os bate papos, a entrega dos presentes e do envelope com dinheiro para cada filho, neto e bisneto. Uma grande farra. E eu ficava fascinado vendo aquele monte de tios e tias trabalhando para a festa. A Vó matando a galinha, a mãe fazendo a sobremesa, o tio mudando os móveis de lugar. E todo mundo espremido numa casa onde quase não cabia todo mundo. Ninguém reclamava, era uma grande festa que durava pelo menos dois dias: do jantar do dia 24 para o almoço do dia 25. E emendando com o dia 31, claro!

Mas um dia o Vô Duarte morreu. E logo em seguida a Vó Dora se foi. Sem os dois como os elementos de atração, a autoridade que todos respeitam, cada um foi para seu canto e nunca mais a família se reuniu. Eventualmente nos encontramos numa ocasião especial, um casamento ou velório, mas é só. Essa deve ser a dinâmica natural das famílias, não é? Com a morte dos avós, cada um vai para um lado, formando novos núcleos, onde novos avós vão se tornar o centro das reuniões. E assim vai de geração em geração. Mas será?

Pesquisas já demonstraram que estamos muito melhor que nossos pais e avós quando tinham nossas idades. Se você comparar um pobre de hoje com um rico da idade média verá que temos uma condição de vida infinitamente melhor. Esse “estar melhor” quer dizer que deveríamos ter mais tempo e mais dinheiro para investir nos momentos de reunir a família e os amigos, não é? É. Mas aquelas festas generosas, não existem mais. Ninguém mais tem saco para enfrentar horas e horas de cozinha, toneladas de louça, roupas de cama e toalhas para lavar depois. E o dinheiro que custa uma reunião dessas? A tremenda quebra da rotina que aqueles eventos significavam é hoje um tabu. Ninguém mais quer incomodação. Estamos ocupados demais, cansados demais, apressados demais... Estamos perdendo aquilo que o cientista político e professor norte americano Robert Putnan definiu como "capital social": nos últimos quarenta anos assistimos a redução do envolvimento cívico e político, dos laços sociais informais, da tolerância e da confiança. Passamos menos tempo com os amigos, freqüentamos menos clubes, nos afastamos da política, dedicamos horas e horas à televisão e internet e recebemos pelas mídias uma carga diária de catástrofes que nos transformam em indivíduos medrosos, descrentes e desconfiados. Nesse ambiente perdemos a capacidade de interagir socialmente. “Interação social” passa a valer a pena só quando dá lucro. Ou se transforma num processo mecânico, distanciado por um teclado, uma tela e uma conexão wifi.

Será que isso é bom ou é ruim? Não sei, mas o Vô Duarte e a Vó Dora fazem uma baita falta.

Escrito por Luciano Pires
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terça-feira, 5 de março de 2013

Tempos mais duros nas empresas?

Os negócios são cíclicos e isso já aprendemos há algum tempo. Mas se a sua experiência profissional ainda acumula um período mais curto que um ciclo completo do seu mercado ou da sua indústria, pode ser que você esteja vivendo pela primeira vez uma fase dura.

O Brasil está completou 10 anos desde que a economia começou a mostrar sinais de recuperação. Quem se lembra de 2003? Foi o primeiro ano do primeiro mandato de Lula, o temido esquerdista que surpreendeu o mercado com seu pragmatismo.

Desde então, com uma leve queda entre 2008 e 2009 devido à crise financeira mundial, os profissionais brasileiros viveram a queda da inflação, a estabilização da economia, a queda do desemprego, o crescimento dos investimentos em infra-estrutura, o acesso à educação, a melhora na distribuição de renda e a queda dos juros, apenas para situar o período.

Mas, e agora? Parece-me que em algumas indústrias, a confiança no crescimento já não é tão forte e embora não tenha acontecido nenhuma desgraça, o movimento é de "preparação para a batalha". 

Empresas começam a sentir que os problemas adiados pelo bom momento do Brasil voltam a se fermentar e a se fazer notar. Claro, nem todos aproveitaram o ciclo favorável para resolver seus problemas de fundo, apenas deixando-os de lado.

Mas o que acontece com os profissionais? É muito simples e sintomático. O número de bons profissionais que se manifestam insatisfeitos com a sua empresa, com a postura dos seus chefes, com a inflexibilidade do seu Head Quarter, com a rigidez das novas políticas, com as repentinas mudanças organizacionais, com o enxugamento incoerente dos seus quadros, com as especulações sobre aquisições e com os rumores de inviabilidade da sua empresa tem aumentado significativamente.

Alguns acham que é apenas uma peculiaridade da sua empresa, sem perceberem que seus colegas em outras empresas também estão vivendo a mesma apreensão.

Senhores, infelizmente a crise que continua no mundo, faz com que as matrizes das multinacionais tomem decisões duras e faz com que as nacionais sofram com perda de competitividade.

"Time to bite the bullet"!

Os períodos difíceis e mais duros acontecem como parte do ciclo e também servem para selecionar os mais aptos. Mais aptos no caso significa os verdadeiros profissionais de cada setor, aqueles que criaram uma base de conhecimento nas épocas boas e produziram uma reputação valiosa. Mais aptos também significa aqueles que aprenderam a trabalhar colaborativamente para expandirem a sua contribuição para toda equipe ou toda organização.

É hora de refletir sobre o seu desenvolvimento profissional e movimentar-se com cuidado para não se tornar um candidato a ser re-estruturado. É hora de avaliar melhor a sua entrega e analisar a sua relação "custo x benefício" de forma muito realista. Em períodos assim, a tolerância diminui, a flexibilidade desaparece, a cobrança aumenta, e o resultado real ganha valor.

Lembra-se de que 2013 é o Ano da Serpente no horóscopo chinês?

"O Ano da Serpente costuma ser um ano de imprevistos e surpresas em que as pessoas são requisitadas a tomarem decisões importantes. Dizem ser um ano em que a astúcia se faz necessária para vencer os obstáculos."

Não está na hora de reavivar a sua astúcia para tomar importantes decisões?

Escrito por Yoshio Kawakami
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segunda-feira, 4 de março de 2013

Estabilidade ou promiscuidade na carreira?

Uma das maiores dificuldades atuais das empresas está na chamada retenção de talentos. Após investirem em recrutamento, seleção e treinamento de seus profissionais, assistem a muitos deles se desligarem seduzidos que são ora por um salário maior, ora por benefícios, ora pelo status conferido pelo nome da organização ou pelo título do cargo oferecido.

Acrescente-se a este aspecto a crença propalada, em especial a partir do ano 2000, de que uma carreira de sucesso constrói-se através de múltiplas experiências profissionais em diferentes companhias.

Houve um tempo em que o profissional confiável e competente era aquele que não passava por mais do que uma ou duas empresas até sua aposentadoria. Hoje isso é visto como sintoma de acomodação, apontando para obsolescência, aversão ao risco, falta de dinamismo e ambição.

Abomino rótulos, generalizações e paradigmas. Verdades absolutas, tidas inquestionáveis, que obscurecem o pensamento, turvam a razão. Onde está escrito que esta rotatividade de empregos é necessária ou mesmo saudável? Por que não podemos edificar uma carreira auspiciosa atuando em uma mesma organização, onde conhecemos as pessoas e o ambiente, assimilamos e nos alinhamos à sua cultura, alcançamos prestígio, além de estabilidade e acúmulos salariais?

Estamos equivocadamente ensinando aos nossos jovens que uma carreira sólida demanda promiscuidade corporativa, quando o que entorpece e definha o profissional é sua estagnação. É parar no tempo, realizar as mesmas tarefas, deixar de estudar e de aprender. E isso pode acontecer mesmo pululando de uma empresa para outra.

Para alcançar o topo da hierarquia, o que vale a pena perseguir é a mobilidade horizontal, conhecendo a companhia integralmente, militando em diversas áreas, compreendendo a sinergia entre os departamentos. No caso de empresas de grande porte, há ainda a possibilidade de migrar para filiais ou outras empresas do grupo, inclusive no exterior. O fato é que enquanto houver desafios e satisfação pessoal, não há motivos para se mudar de emprego.

Todavia, se a mudança for fruto de decisão madura decorrente de falta de reconhecimento, clima organizacional desgastado, cabeça batendo no teto ou por força de proposta irrecusável, assegure-se de que, quando o entusiasmo arrefecer e a rotina se instalar, a nova empresa não se mostre uma autêntica “amante argentina”, cerceando sua autonomia, eliminando privilégios e exigindo o comprometimento que um dia você não pôde ou não soube honrar.

Escrito por Tom Coelho
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sexta-feira, 1 de março de 2013

As marionetes

Você certamente acompanhou a visita da jornalista cubana Yaoni Sánchez ao Brasil, não? Em vários momentos uma turma de “democratas” simplesmente impediu, aos gritos e ameaças, que ela fizesse aquilo que veio fazer: conversar sobre o regime cubano. É evidente que as demonstrações foram orquestradas, com transporte, cachê e lanchinho para os manifestantes, que nem mesmo sabiam o nome da moça. Para quem comandou os trogloditas, Yoani não pode manifestar seu pensamento. Ela tem que ser calada.

Existe um livro precioso chamado A História da Liberdade de Pensamento, escrito em 1914 pelo historiador e filólogo irlandês John Bagnel Bury, que explica na introdução a razão de, para algumas pessoas, ser tão difícil aceitar a liberdade de expressão:

“O cérebro médio é naturalmente preguiçoso e tende sempre a escolher o caminho por onde encontra menor resistência. O mundo mental do homem médio consiste de credos que ele aceitou sem questionar, e aos quais ele está firmemente fixado. Ele é instintivamente hostil a qualquer coisa que ameaçar a estabilidade do mundo que lhe é familiar. Uma nova ideia, inconsistente com seus credos, torna necessário rearranjar a mente, num processo trabalhoso que requer um gasto doloroso de energia mental. Para o homem médio e seus amigos, que formam a grande maioria, novas ideias e opiniões que causem dúvidas nos credos e instituições estabelecidos, parecem malignas, pois são desagradáveis.”

Portanto, se eu sou esse homem médio e tenho algum tipo de poder, fico tentado a não permitir que ideias malignas e desagradáveis sejam expressas. E, para isso, quebro braços, esmurro e ameaço. Ou posso lançar mão do conceito do “bem comum”, “da proteção aos mais fracos, pobres e desamparados”, “da sobrevivência da humanidade” e tantos outros argumentos lindos, imbatíveis, que se tornam pretextos para verdadeiros crimes contra as liberdades individuais.

Liberdade de pensamento quer dizer muito pouco se não for acompanhada pela liberdade de expressão, que é uma coisa muito diferente. Ninguém muda o mundo só com pensamentos, eles precisam ser expostos, compartilhados, discutidos e colocados em ação. E estamos, ao menos nós que vivemos em sociedades que podem ser consideradas democráticas, tão acostumados com a liberdade de pensamento e expressão que nos esquecemos que, para chegar até este ponto, muito sangue correu. Foram séculos e séculos persuadindo os poderosos de que manifestar uma opinião – e discuti-la livremente – era uma boa coisa.

Não importa se você concorda ou não com ela, acho que o grande mérito da visita de Yoani Sánchez ao Brasil foi escancarar o perigo dos intolerantes que andam entre nós, e que são de dois tipos.

Primeiro as marionetes, que a gente saca logo de cara. São prostitutas morais: alugam a mente e o corpo para quem pagar mais. Estão sempre irritados, gritam, ameaçam, apelam para a violência e se orgulham de sua ignorância e estupidez. Esses ogros têm que ser tratados de igual para igual, pois querem calar sua boca na porrada.

Mas os mais perigosos são os que manipulam as marionetes: os de fala mansa, simpáticos, repletos de boas intenções, argumentos pomposos e propostas para salvar a humanidade. Parecem santos.

Esses, mais que sua boca, querem calar sua mente.

Não deixe.

Escrito por Luciano Pires
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