sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Como se Cria uma Crise!



Por Gilclér Regina

Pense comigo. Você tem um salário e deste mensalmente você consegue guardar ou ter uma diferença de seus gastos normais na ordem de 30%.

Portanto, 30% do seu salário você pode investir, guardar na poupança para uma construção ou mesmo gastar comprando roupas, indo a restaurantes, programando viagens, etc...

Porém você anda ouvindo por aí que o país está entrando numa crise, que após a Copa “o bicho vai pegar”, que após as eleições a recessão vem com toda força.

O que você faz? Troca de carro? Reforma sua casa? Reforma seu guarda-roupa? Programa sua viagem de férias? Absolutamente não!

Neste momento você guarda o dinheiro na poupança, na aplicação financeira para esperar por dias piores e ter sua reserva técnica.

Não estou dizendo aqui que “guardar” é ruim. Claro que é bom. A cultura da poupança é imprescindívelpara o seu crescimento e do país também. Que o diga o Japão por exemplo.

Mas essa expectativa por dias piores, cada um administrando o seu ganho, juntando-se as ações de outras pessoas, cada qual falando da crise que vem aí faz com que você seja um agente multiplicador deste pensamento, um dos responsáveis (com sua cota) para a imediata instalação da crise na economia.

A expectativa da crise é pior que a própria crise, pois fabrica ela.

Falando como profissional de empresas, a crise também é fabricada pela soberba de algumas empresas, do mau atendimento, da zona de conforto provocada por resultados anteriores muito bons e que por isto menosprezam o mercado de agora fazendo com que as coisas fiquem mais difíceis e não sabem o que fazer nem para onde ir.

E você? Está preparando sua equipe? Está reafirmando a cultura da crise ou está trabalhando outras oportunidades? Será que você percebe que estas oportunidades entram em silêncio pelo quintal? Você está preparado?

Lembre-se, não existe mercado parado. Existe gente parada.

Pense nisso, um forte abraço e esteja com Deus!

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Muita aparência pra bem pouca consistência!


Por Rosana Braga


Praticamente impossível não surgir ao menos um assunto incluindo o tema “relacionamentos” numa rodinha de bate-papo, seja entre homens, mulheres ou os dois juntos.
É de praxe falar sobre um casal conhecido, a própria relação ou sobre causos ouvidos. Ou seja, a grande maioria das pessoas sempre tem uma opinião, uma história ou uma experiência vivida que inclui afeto, amor, paixão e todos os sentimentos conseqüentes.
Acontece que, cada vez mais, tenho tido a impressão de que o que se fala não é exatamente o que se sente. Ou melhor, a maneira com que se tem falado das situações que envolvem o coração é bem destoante do modo com que se tem vivido os sentimentos.
A meu ver, temos maquiado nossas palavras e colocações a fim de mostrá-las seguras, cheias de certezas, tão certas a ponto de tornarem-se inflexíveis, ao menos aparentemente. Parece-me que estamos convencidos de que precisamos provar que temos uma autoconfiança e uma auto-estima imbatíveis, indestrutíveis, sobre-humanas talvez...
Mas estou certa de que a realidade não é bem essa! Na solidão de cada quarto, no consolo de um ombro amigo, nas confissões feitas nos divãs e até na busca esperançosa nos templos, igrejas e orações, fica evidente que há bem pouca consistência nesta aparente perfeição.
Mais do que isso, a fragilidade e os intermináveis questionamentos que rondam tantos corações estão gritando em cada relação vivida e até mesmo naquelas não-vividas. A carência, o medo de sofrer, dúvidas sobre o que fazer e como agir revelam o quanto o ego de tanta gente está bem maior do que sua consciência.
Por quê? É... também me faço esta pergunta e não a encontro em absoluto, pois felizmente não sou dona da verdade, mas suponho que elas têm tentado – a todo custo – tão somente se defender. Entretanto, de tão defendidas, de tão cheias de couraças, escudos e máscaras, terminam subjugando sua essência e, portanto, se distanciando daquilo que realmente sentem.
Creio que a autopercepção seja um bom primeiro passo. Observarmos aquilo que estamos dizendo, pensando ou fazendo é uma maneira eficiente de constatarmos o quanto nossas palavras têm estado desafinadas com o que carregamos no peito.
Frases carregadas de prepotência, do tipo “eu sou assim e pronto”, “se quiser, ele (ou ela) que mude de idéia”, “ninguém vai mandar em mim”, entre outras, só servem para encorpar um orgulho que não nos preenche e nem nos satisfaz.
Que a partir de agora, possamos admitir mais: “não sei”, “talvez eu tenha mesmo que mudar de idéia”, “quem sabe eu esteja enganado?”, “estou confuso, com medo, precisando de ajuda”...
E que assim, bem mais consistentemente humanos, possamos nos encontrar num abraço maior que nossos próprios braços, que nos acolha não porque parecemos sempre certos, mas porque somos sempre ‘gente’... e gente precisa de afeto!


quarta-feira, 24 de setembro de 2014

“Sucesso só vem antes do trabalho no dicionário.”



Sucesso Dá Trabalho

Fabiano Brum

Todos sonham alcançar o sucesso; no entanto muitas pessoas confundem sucesso com riqueza financeira. Particularmente acredito que sucesso é muito mais que uma gorda conta bancária, mas sim a realização de nossas metas (entre elas a financeira) aliada à qualidade de vida, bom relacionamento familiar, juntamente com a sensação de que estamos sendo úteis para a sociedade no sentido de melhorar o mundo onde vivemos.



Mas sonhar com o sucesso garante a realização dos nossos objetivos?

Não faz mal sonhar. No sonho temos a liberdade de visualizar o que nos convém e a vontade sincera de realização. O único problema é que muitas vezes nossos sonhos não contemplam os passos que precisaremos dar para realiza-los.

É preciso sonhar! Mas é bom lembrar que o sucesso começa a partir de traçado um objetivo a ser atingido e desenhada uma metodologia para atingi-lo.

Evidentemente o sucesso nunca acontece para aquele que desiste no meio do caminho. Por exemplo: os corredores amadores que ficam imensamente felizes em concluir o percurso de uma maratona mesmo chegando entre os últimos colocados. Acontece que o objetivo deles é chegar até o final da corrida, e a ultrapassagem da linha final é o “atingir a meta”, ou seja, “sucesso”.

Atingir o sucesso dá trabalho! E muitas pessoas falham porque não querem ter trabalho!

Muitas pessoas sabem que além de palestrante também sou músico, e utilizo desta arte em nossas palestras.

Toco violão e guitarra desde adolescente, e me lembro de um acontecimento aos dezessete anos que me marcou muito. Um de meus objetivos nesta época era o de aprender a tocar uma música da banda Dire Straits chamada Sultans Of Swing, e reproduzir com fidelidade os solos de guitarra feitos pelo vocalista/guitarrista Mark Knopler nesta canção. Depois de um certo tempo procurei meu professor de guitarra pedindo a ele que me ensinasse aquela passagem onde Knopler finalizava a música com um solo dedilhado feito em alta velocidade.

Pacientemente o professor Chiquinho disse: “- Claro que ensino, ele é simples assim...” ; (dedilhando lentamente o solo na escala da guitarra para que eu aprendesse o movimento e quais eram as notas).

Não satisfeito com a explicação perguntei: “- O dedilhado eu entendi, mas e aquela velocidade toda lá no disco?”.

E o professor respondeu com ar de deboche: “- Quer velocidade? Agora vá pra casa e treine este movimento por uma ou duas horas todos os dias e daqui uns seis meses estará dedilhando na mesma velocidade da gravação!”.

“Engoli seco”, fiquei pensativo e aprendi a duras penas que o sucesso dá trabalho. Mas não desisti, e depois de algumas semanas finalmente consegui executar o solo no mesmo andamento da gravação original.

Sabemos que para fazermos as coisas bem feitas vamos ter um pouco mais de trabalho. O problema é que a maioria das pessoas não querem ter trabalho. Elas não querem ler aquele livro porque “dá trabalho”, não querem participar daquele treinamento, não querem por aquela ideia em ação pois dá trabalho. Como ter sucesso sem trabalho?

Mas como diz o velho ditado: “Sucesso só vem antes do trabalho no dicionário.”

Afine-se para o sucesso!

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Se você vende plástico e carteira de couro… prepare-se para fazer outra coisa da vida.”

Apple chega atrasada no NFC, mas pode dominar o mercado de Meios de Pagamento Móvel
Quem já usa os serviços como Google Wallet e PayPal sabe que a ideia de usar o smartphone no lugar de cartões de crédito ou débito para realizar pagamentos em estabelecimentos físicos e serviços online, não é nova.
Mas a Apple com acordo com instituições como Bank of America, Capital One Bank, Chase e City e as bandeiras VISA e MASTERCARD e AMERICAN, criou o SEU próprio serviço de pagamentos via NFC chamado de Apple Pay para os novos aparelhos que vêm embarcados com a tecnologia NFC, como  iPhone 6 e do iPhone 6 Plus e Apple Watch.
O Apple Pay já sai com uma grande vantagem, pois os usuários atuais do iTunes que já tiverem cartões de crédito registrados, já vão podem utilizar este serviço de forma automática. Além disso, com essa parceria com as instituições o Apple Pay, já pode ser utilizado inicialmente em mais de 220 mil estabelecimentos comerciais espalhados pelos Estados Unidos.  Redes como Target,  McDonalds e Disney, e muitas outras, já estão entre elas e as próprias lojas da Apple.
Enfim, para usar basta apenas o usuário aproximar seu iPhone do terminal NFC, escolher o cartão desejado e se autenticar via Touch ID para finalizar a transação. Simples Assim!!
Pois bem, o que chama atenção mesmo é que a Apple vai disponibilizar uma API para permitir o desenvolvimento de aplicativos compatíveis com o Apple Pay. Ou seja, quer dominar o mercado atraindo todas as lojas e vendedores para seu gateway de pagamento.
O mundo dos Meios de Pagamento está sacudido com esta entrada, muitas startups que tinham foco nisso vão ter que pivotar ou se adaptar, achar uma brecha ou oportunidade  via API que será liberada. Mas também apresenta uma nova perspectiva para criação de aplicativos e soluções que serão integradas ao módulo do Apple Pay, como  programa de Fidelidade, cupons, soluções OmniChannel e etc.
Além disso cria um novo padrão de mercado onde não precisaria mais se conectar com intermediários e/ou subadquirente, basta integrar na cadeia dos pagamentos via Google Wallet ou Apple Pay. Enfim, seria uma mudança total neste segmento!!
Como disse o polêmico Ricardo Jordão, ” É meu amigo…. se você vende plástico e carteira de couro… prepare-se para fazer outra coisa da vida.”   E eu ainda acrescento, se é um subadquirente de meios de pagamento, comece agora a repensar as coisas.

Pense Nisso!  @JoaoKepler

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Aos 13 anos, menino é dono de Start-up e dá palestra para adultos



O alagoano Davi Braga tem apenas 13 anos, mas já é um empreendedor. No final de 2013, ele criou a própria start-up, a List-it, um site para os pais comprarem o material escolar dos filhos e no qual as escolas podem cadastrar sua lista de materiais.

Quinta-feira (4), o menino foi a Santo André, na região metropolitana de São Paulo, para dar uma palestra no 11º Congresso Estadual de Jovens Empreendedores.

Filho de empresária e de investidor-anjo, Braga diz que o estímulo para empreender veio do ambiente familiar. E foi justamente em casa que ele teve a ideia de criar o negócio.

A mãe do menino, Cristiana Peixoto, 41, é dona de uma papelaria. Algumas amigas dela tinham dificuldade para comprar todos os itens da lista de material escolar. Como não tinha todos os itens em sua papelaria, Cristiana passou a buscar o que faltava em outras lojas, juntar tudo e entregar para as mães, cobrando pelo serviço.

A procura foi crescendo e Cristiana já não dava conta dos pedidos. Foi aí que o filho idealizou a start-up.

"O grande problemas das listas de material escolar é que, muitas vezes, é preciso ir a várias lojas para encontrar tudo. Muitos pais não têm tempo para isso, daí a necessidade de criar um site onde seja possível comprar tudo de um jeito simples", afirma o menino.
Ele explica que, após a compra, uma loja parceira será responsável por juntar todos os itens da lista e entregar para o cliente. A loja ficará com 90% do valor da venda, e os outros 10% vão para a start-up.
A List-it será lançada oficialmente no dia 25 de setembro, segundo o jovem empreendedor.
Cristiana Peixoto, que é dona de papelaria, o filho, Davi Braga, e o pai, João Kepler, que foi o investidor-anjo do negócio
O pai, João Kepler, 44, foi o investidor-anjo do negócio. Ele investiu os R$ 2.000 usados para criar a ferramenta e fazer o vídeo promocional. Também foi Kepler quem trouxe mais três sócios para o negócio: dois programadores e um designer.

"São eles que tocam a empresa. Meu filho foi o criador da ideia e atua mais como divulgador do negócio. Ele não tem um cargo, carteira assinada ou horário fixo. A única obrigação dele é tirar boas notas na escola", afirma Kepler.
Menino diz ter ideia para mais 8 ou 9 aplicativos
O menino, por sua vez, diz que o negócio não atrapalha seus estudos ou a vida de criança. "De manhã eu vou para a escola, à tarde e à noite eu trabalho e brinco." Entre as atividades preferidas do garoto estão jogar futebol, navegar na internet e cozinhar para os pais, junto com a irmã de nove anos.
Ele, inclusive, já faz planos para outros negócios. "Tenho ideia para mais oito ou nove aplicativos, pelo menos. A List-it, com certeza, não será minha última.
Afonso Ferreira/UOL


sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Ex-camelô!

Palestrante reconhecido e premiado pelo mundo, o ex-camelô David Portes, 55, é um exemplo de que bons negócios estão à disposição de quem sabe enxergá-los. Ele, que já foi chamado de "encantador de clientes" e "guru do marketing", contou ao UOLdez dicas para o sucesso de novos empreendedores.
Para Portes, primeiro: boas ideias só ajudam, se tiradas do papel. Preparo e qualificação abrem caminhos. Há oportunidades mesmo em momentos difíceis. Sucesso surge com inovação e divulgação. Olho na concorrência e na clientela colocam o negócio à dianteira. Uma boa dose de iniciativa ajuda a mudar a realidade. E sorrir é fundamental.

Afonso Ferreira

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Cerca de 300 pessoas, todos integrantes da equipes de vendas de uma multinacional, reuniram-se para uma grande convenção mês passado. No auditório de um resort em Cancún, no México, o convidado mais esperado era um pernambucano nada entendido do assunto que o público ali presente dominava: equipamentos cirúrgicos. Durante quase duas horas, o surfista Carlos Burlediscorreu sobre as dificuldades que enfrentou na carreira, a busca por qualidade de vida, e lembrou de alguns momentos de superação, em relatos sempre intercalados por imagens dos duelos que ele trava com as maiores ondas da Terra. Para quem passou grande parte da vida em cima de uma prancha e vestindo apenas bermuda tactel, Burle surpreende nas palestras que tem dado com cada vez mais frequência.
— Não tenho controle de nada dentro do meu local de trabalho. Posso bater a cabeça numa pedra ou, de repente, me deparar com um tubarão. Tenho que gerenciar riscos, ser rápido na hora de tomar decisões e acho que esse é o tipo de experiência que funciona muito bem no mundo corporativo — acredita Burle, de 46 anos.
Fora d’água, assume também o papel de empresário. É sócio de uma fábrica de molhos, de uma agência de comunicação, de uma escolinha de surfe, tem um programa de TV e ainda cumpre uma série de compromissos dos patrocinadores. No mar, coleciona títulos e feitos para muito poucos. Conquistou duas vezes o campeonato mundial de surfe de ondas gigantes e agora é o único brasileiro na disputa pelo prêmio de maior onda da temporada, uma parede d’água que pode ter chegado a 35 metros, em Nazaré, Portugal, em outubro do ano passado. Longe da praia, no entanto, ele ainda luta contra o estereótipo de sua profissão.
— Não é porque surfo que só vou falar “brow” pra cá e pra lá. Mas é difícil as pessoas acreditarem nisso antes de me conhecer. Por esse motivo até entendo quando o presidente de uma empresa pede para me ver como orador antes de me contratar para uma palestra — conta Burle, que tem como fonte de inspiração Bernardinho, técnico da seleção brasileira de vôlei. — Ele é um grande exemplo pra mim. Admiro a forma como ele gerencia a carreira.
— Tive que ouvir de pessoas muito próximas que era vagabundo e marginal. Resolvi então sair das asas dos meus pais, em Recife, e vir para o Rio atrás do meu sonho — explica o pai de Iasmin, de 16 anos, e de Reno Kai, de 4, filho do seu atual casamento, com a paulista Lígia Moura. — Nessa época, o esporte se resumia a uma prancha. Hoje ficou bem mais complexo.
Depois de tantos anos, ele provou para os pais que podia ser um profissional de sucesso e hoje conquista, sem dificuldade, executivos de grandes empresas, por outro ainda enfrenta preconceito dentro do próprio meio.
 O tempo ensina muita coisa pra gente. Meus valores são outros e sinto que estou me transformando.

Por Roberta Salomone
Para maiores informações  entre em contato.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Um instante, uma palavra

Quando iniciei minha carreira como palestrante, nos idos de 2003, eu tinha duas crenças muito claras. A primeira, de que uma apresentação, por mais organizada, envolvente e cativante que fosse, não seria capaz de “mudar a vida” de um participante. Sensibilizar, influenciar e até entusiasmar, sim. Porém, promover uma mudança capaz de alterar o curso da história de alguém, parecia-me presunçoso demais.

A segunda crença dizia respeito à duração de uma atividade. Pensava eu que uma mensagem poderosa dependia do conjunto de seu conteúdo. Seria o todo, e não a parte, o que impactaria os presentes.

Ao longo dos anos, aprendi que estava duplamente equivocado...

Qualquer breve momento pode transformar radicalmente o destino de alguém. Tenho vivenciado isso no dia a dia, a cada diálogo, a cada reunião, seja com colegas, amigos, parceiros de negócios ou mesmo o público em geral. É como disse o antropólogo Roberto Crema: “Ninguém muda ninguém, ninguém muda sozinho, mas mudamos nos encontros”.

Uma vez ao ano tenho a honra e o prazer de desfrutar da companhia de um dos principais líderes empresariais do Brasil. Trata-se de alguém com quem convivi anos atrás no cenário institucional e com quem selei uma amizade autêntica e despretensiosa. Ensinou-me ele em nosso último encontro: “Na atual fase de minha vida, dou-me o privilégio de escolher com quem, quando e por quanto tempo irei dialogar”. É uma grande lição que nos dá a dimensão exata da importância das palavras e do uso do tempo.

Daí decorre também o êxito ou o fracasso no processo de comunicação, pois há uma sutil diferença entre ouvir, escutar e efetivamente entender o seu interlocutor. É tênue, porém ampla, a distinção entre olhar, ver e enxergar um objeto, imagem ou cena. Há pessoas que falam, mas nada dizem; ou que dizem, mas não são compreendidas.

Shakespeare pontuou assertivamente que “leva-se anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e você pode fazer ou dizer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida”. Por isso, sempre procuro alertar que é imprescindível tomar cuidado com as palavras desferidas, em especial nos momentos de irritação. Quando você diz algo que desagrada a alguém, pouca valia haverá em se desculpar posteriormente. Porque não importa o que você disse, mas o que ficou depois do que você disse. O que fica instala-se no peito, dentro do coração, tomando-o por sua morada e de lá não sai mais.

Hoje aprendi que em qualquer intervenção que eu faça, seja em uma palestra ou um treinamento, seja em uma reunião ou em diálogo conciso, basta uma fração de meu discurso para promover a reflexão em qualquer um dos presentes. E como cada pessoa é atingida de maneira diferente e em momentos específicos, é grande minha responsabilidade, pois a mensagem pode afetá-las positiva ou negativamente, influenciando suas decisões.

Assim, cuide com atenção e carinho de seus argumentos. E lembre-se de que em comunicação, mais do que a razão, é a emoção quem impera.

Tom Coelho

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Como resolver todos os problemas brasileiros sem fazer força

Não resistiu em conhecer a solução mágica, hein? Está aberta oficialmente a temporada de promessas demagógicas. Cada um dos milhares de candidatos a um cargo eletivo no país tem as soluções para transformar o Brasil no melhor país do mundo em todas as áreas da vida, da economia à educação; dasaúde à infraestrutura; do transporte ao lazer. O melhor, alcançaremos tudo isso, em apenas quatro anos, e sem abrir mão de absolutamente nada.

Seria fácil culparmos apenas as eleições pelo tsunami demagógico que assola o país. A democracia, inegavelmente o melhor sistema político inventado até hoje, é cheia de defeitos. Um deles é o incentivo à demagogia a cada ciclo eleitoral. Mentirosos demagogos são eleitos; quem diz a verdade sobre os custos para alcançarmos objetivos maiores, não. Simples assim.

Infelizmente, temo que a raiz da inundação de mentiras é mais profunda. O problema somos nós. Queremos tudo, queremos já e queremos de graça. Em resumo, queremos ser enganados.

Esta postura dos eleitores não é nova, nem exclusividade brasileira. Em maior ou menor grau, ela existe e sempre existiu em todos os países. No entanto, as manifestações de rua parecem tê-la exacerbado. Queremos melhores transporte, saúde e educação, e de graça. Resumindo, “me engana, que eu gosto.”

A resposta dos políticos? 10% do PIB para a saúde, 10% do PIB para a educação, 10% do PIB para sei lá eu mais o que. Óbvio que saúde e educação estão entre os fins mais nobres possíveis para recursos públicos, mas será que o problema é, primordialmente, falta de recursos ou de gestão? De onde virá o dinheiro? Magicamente, os políticos nos asseguram que teremos tudo e não pagaremos nada.

Fontes de recursos? Por exemplo, a eterna proposta de renegociar a dívida pública. Se ela resolvesse algo, a Argentina não seria um dos 3 únicos países nas Américas onde o PIB terá desempenho pior do que o Brasilneste ano, segundo as projeções da CEPAL.

As pesquisas eleitorais e a voz das ruas provam que o Brasil quer mudar. Se queremos mudanças construtivas, primeiro temos de reformular nossas próprias expectativas. Chega de falsas soluções. É hora de discutirmos os custos de cada política pública e não apenas seus supostos benefícios. Cotas garantem o acesso de determinados grupos à universidade,  mas reduzem o acesso dos demais. Meias entradas barateiam o acesso a espetáculo para alguns, mas às custas de encarecê-los para os outros. Tarifas de importações altas protegem subsetores de nossa indústria, mas reduzem a competitividade de subsetores industriais supridos pelos protegidos e tornam os produtos no Brasil os mais caros do mundo. Queremos, mesmo, adotar estas medidas?

O crescimento vertiginoso da candidatura de Marina da Silva e suas promessas conciliatórias sugerem que o povo está farto da polarização paralisante que dominou o país nos últimos anos. Chega de ricos x pobres. Chega de nós x eles. Chega de um nacionalismo ufanista, onde nada no Brasil pode ser criticado – e, por consequência, nada é melhorado. Não há complexo de vira-latas maior do que achar que o país não resiste a nenhuma crítica. Chega também de uma desesperança debilitante que teme que nada tenha solução no Brasil e onde nada pode ser elogiado. Tomara que o Brasil do “ame-o ou deixe-o” esteja morrendo, mas que ele não seja apenas substituído por um país de novos sonhos demagógicos, e sim por escolhas e ações conscientes para construirmos o país que queremos e podemos ser, não em um ano, sequer em um mandato presidencial, mas quiçá em uma geração.




segunda-feira, 15 de setembro de 2014

O infinito talento

Ontem me lembrei de um discurso de Ruy Barbosa no Senado, em 1914, que talvez você já conheça, mas que vale repetir: 

“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar das virtudes, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”. 

Cem anos atrás... Mas parece falar do Brasil de hoje, não é? 

Ora bolas, se é assim então, talvez devamos entender – e aceitar - que as crises atuais, que julgamos serem as mazelas do Brasil, de atuais nada têm. São parte da natureza humana, sempre existiram, sempre existirão enquanto os seres humanos estiverem interagindo por aqui e alhures. E se é preocupante a existência de pessoas com valores morais discutíveis ou portadoras de incompetência obsessiva em posições de poder, o que preocupa de verdade é a falta de evolução na forma como nós, o povo, tratamos esse assunto. Definitivamente nos acostumamos com o malfeito, como constatou Ruy Barbosa um século atrás. E isso me parece uma estagnação. Ou até mesmo involução. 

Muita gente assiste neste momento, fingindo que não é com ela, várias lutas nos tribunais para barrar candidatos que têm a ficha suja. Mesmo os que têm culpa no cartório, que já foram condenados na forma da lei e que deveriam ser despachados sem mais discussões, estão apresentando recursos e teimando em continuar na peleja. Paulo Maluf, por exemplo, só foi cassado pelo voto de Minerva do presidente do tribunal, depois que seis juízes, apesar das provas irrefutáveis apresentadas, empataram em 3 a 3. Eu disse juízes e não zés manes da esquina. 

Em Brasília, o ex-governador Arruda, com a ficha encardida de tão suja, aparece na frente nas pesquisas de intenção de votos! A todo momento surge na televisão cheio de sorrisos e promessas, enquanto se discute sobre a cassação de seu direito de se candidatar. E o mesmo se repete em praticamente todos os estados: gente sem honra, injusta e má na televisão fazendo cara de pessoa legal e pedindo votos. 

E sofro ao imaginar que provavelmente grande parte dessa gente se reeleja. 

Ah, sim, tem os candidatos a presidente! As campanhas são um desfile de acusações, cada um tentando expor mais os podres dos outros. Até um ponto em que o povo, anestesiado, parece não mais se importar com a desonra, a injustiça e a maldade. Se todos são podres, talvez podre seja o padrão! 

Será que Ruy Barbosa perdeu seu tempo? Será que o povo não aprendeu com o passado? Ou melhor, aprendeu sim, a desanimar das virtudes, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto? 

Concluo que muito mais que a valorização da honra, da virtude e da honestidade, a verdadeira habilidade que desenvolvemos em 100 anos foi o sistemático, onipresente e infinito talento para a cara de pau. 

Meu, seu, deles. 

Se a carapuça não servir, não se preocupe. Não estou falando com você. 

Luciano Pires